Fístulas intestinais: maioria aparece depois de cirurgias no abdômen

4 minutos para ler

Toda comunicação entre duas ou mais estruturas do corpo que, em condições normais, não têm ligação entre si é considerada uma fístula. No caso da fístula intestinal, estamos falando de uma ligação atípica entre parte do trato gastrointestinal e a pele ou algum outro órgão, que pode resultar em vazamento do conteúdo intestinal.

Trata-se de uma condição que exige cuidados médicos para evitar complicações. Nesse sentido, as fístulas intestinais são divididas em quatro classes principais, que podem causar diferentes sintomas: 

  • Complexa: quando uma conexão atípica se desenvolve entre o trato intestinal ou o estômago e a pele; 
  • Externa: conecta uma porção do trato gastrointestinal à pele, provocando uma abertura por onde podem vazar fluidos; 
  • Extraintestinal: conecta parte do intestino a outro órgão do corpo, como a bexiga, por exemplo; 
  • Intestinal: quando envolve a conexão de uma área do intestino com outra.

As fístulas também são definidas como sendo de alto ou baixo débito. As de alto débito drenam mais de 500 mililitros de secreções digestivas por dia e são consideradas as mais graves, pois esse vazamento pode provocar infecções. Já as fístulas de baixo débito têm escoamento menor.  

Fístulas em complicação pós-cirúrgica

A maioria das fístulas surge após procedimentos cirúrgicos, segundo artigo da National Libray of Medicine (NIH), a maior biblioteca biomédica do mundo, localizada nos Estados Unidos. A taxa de fistulização ou de vazamento varia entre os procedimentos cirúrgicos. Alguns exemplos:


– Pancreatoduodenectomia, de 5% a 8%;  
– Transplante de fígado, de 2% a 9%; 
– Coledocoduodenostomia, de 5% a 19%;  
– Gastrectomia total, de 0% a 28%;  
– Esofagectomia, 2%;  
– Colectomia eletiva, 5%;  
– Bypass gástrico, de 2% a 5%; 
– Gastrectomia vertical, 5%. 

Outras causas

Infecções como diverticulite, doenças inflamatórias intestinais como colite ulcerativa e doença de Crohn, úlceras no intestino, traumas abdominais e câncer também podem provocar fístulas intestinais.

Sintomas

Eles variam em razão da localização da fístula. Geralmente, pode haver dor abdominal, perda de peso, desidratação, desnutrição, febre, saída de secreção ou fezes pela pele ou vagina, frequência cardíaca elevada e vômito.  

Como é feito o diagnóstico?

Em geral, é feito por meio de exames de imagem. Entre eles:

  • Tomografia computadorizada: identifica a fístula e determina seu tamanho. Isso é essencial para que os cirurgiões possam decidir onde colocar drenos e operar;
  • Raio-x:  o exame é feito com contraste radiológico de sulfato de bário; 
  • Fistulografia: o exame que combina o raio-x com a aplicação de contraste iodado para detectar fístulas e caminhos fistulosos. 

Tratamento

O tratamento da fístula depende da sua localização e da gravidade dos sintomas. No caso das fístulas intestinais, em geral, uma dieta especial (algumas vezes, líquida) pode permitir uma boa cicatrização e o seu encerramento.  

Há casos em que a alimentação precisa ser feita por meio de tubos inseridos no estômago ou no próprio intestino do paciente. Para prevenir infecções, pode ser indicado o uso de antibióticos. Se por acaso a fístula não cicatrizar, pode ser necessário remover uma parte do intestino. 

Complicações

Uma fístula gastrointestinal pode levar a complicações como infecção, desnutrição, desequilíbrios eletrolíticos e má cicatrização de feridas. A complicação mais grave é a sepse, que é considerada emergência médica. Por causa disso, na presença de qualquer sintoma, deve-se procurar o médico. 


Revisão técnica: Luiz Antônio Vasconcelos, especialista em Clínica Médica, Medicina Interna, Cardiologia e Ecocardiografia. Cardiologista e clínico das unidades de pronto atendimento e do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein. 

Posts relacionados