O ato de deglutir, ou seja, de engolir os alimentos, é tão corriqueiro que acontece de forma praticamente automática, sem que demos atenção a ele. Geralmente, só reparamos em nossa deglutição quando sentimos dor ou incômodo durante esse processo. De fato, esses sinais devem acender um alerta vermelho, pois podem ser sintomas de disfagia.
A condição consiste na dificuldade de engolir desde alimentos sólidos até a própria saliva. Esse problema pode ser causado por vários fatores, inclusive, por doenças graves e que exigem tratamento imediato.
O incômodo também interfere diretamente em uma das principais necessidades básicas do ser humano: alimentar-se, podendo causar desnutrição e desidratação.
Quanto antes o indivíduo perceber os sintomas da disfagia, mais fácil será o seu tratamento e melhora na sua qualidade de vida. Neste post, vamos explicar tudo o que você deve saber sobre o assunto. Confira!
O que é disfagia?
A disfagia é definida como a dificuldade de levar o bolo alimentar da boca até o estômago, o que causa tosse, engasgos e sensação de que algo está preso em nossa garganta. O problema pode ser desencadeado por diferentes fatores, como infecções, lesões decorrentes da ingestão de produtos químicos, abcessos retrofaríngeos (formação de pus na parte posterior da garganta), tumores, e miastenia gravis (doença neuromuscular).
A condição pode ser classificada de duas formas: disfagia orofaríngea ou disfagia esofágica. No primeiro caso, o problema afeta o caminho da boca até o esôfago, fazendo com que o indivíduo se sinta sufocado e tussa ao tentar engolir, como se o alimento fosse subir pelo nariz ou descer pela traqueia.
Já no segundo caso, o problema se estende do esôfago até o estômago. Causa a impressão de que o alimento está parado na garganta ou no peito quando a deglutição se inicia.
Quais são as suas causas?
Agora que você já sabe o que é disfagia, é necessário entender quais são as suas causas. Primeiramente, saiba que o problema pode ser desenvolvido tanto por adultos quanto por crianças.
Em adultos, as disfagias orofaríngea e esofágica podem ter causas obstrutivas, mecânicas e transtornos neuromusculares, tais como:
- tumores;
- infecções, como candidíase, tuberculose e abscessos retrofaríngeos;
- traumatismo cranioencefálico;
- acidente vascular cerebral (AVC);
- paralisia cerebral;
- traqueostomia ou intubação orotraqueal por tempo prolongado;
- uso de medicamentos;
- doenças degenerativas, como a Doença de Alzheimer ou Parkinson;
- acalasia;
- nódulos na tireoide;
- doenças neuromusculares, como miastenia e esclerose lateral amiotrófica;
- ingestão de substâncias químicas, como produtos de limpeza;
- alterações anatômicas.
Quanto ao público infantil, a patologia pode se desenvolver por causa de processos infecciosos e inflamatórios que obstruem as vias aéreas, prejudicam a respiração nasal e o processo de deglutição, ou neurológicas. O problema pode, ainda, estar associado à compressão externa exercida sobre o esôfago, provocada pela pressão do brônquio esquerdo ou da traqueia, que decorrem do aumento de câmaras cardíacas ou do anel vascular.
Além disso, existem fatores de risco que podem aumentar as chances de a criança ter disfagia. Entre eles, parto prematuro, nascer com baixo peso, doenças congênitas, asfixia perinatal, internação prolongada, realização de cirurgias nos primeiros meses de vida, e passagem pela UTI neonatal.
Quais são os sintomas da disfagia?
Os sintomas da disfagia podem variar na forma e intensidade que se manifestam, conforme a parte do esôfago que é afetada. As pessoas que sofrem de disfagia podem apresentar dificuldade para engolir, engasgamento, regurgitação nasal, fala anasalada, tosse ou redução do reflexo da tosse, e mau hálito.
Nas situações mais graves, pode haver riscos de desnutrição, desidratação e, até mesmo, aspiração de alimentos, secreções e da própria saliva para o pulmão. Em relação às crianças, a disfagia causa sintomas aos quais os pais devem ficar atentos, como:
- dificuldade no processo de amamentação;
- dificuldade para mastigar e engolir;
- perda de peso;
- sensação de que o alimento fica parado na garganta;
- engasgos frequentes;
- vômitos;
- necessidade de tomar líquidos para engolir os alimentos.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico de disfagia deve ser feito em uma consulta com um médico otorrinolaringologista ou gastroenterologista. Tudo começa com o paciente relatando o seu histórico de sintomas, o que é fundamental para guiar o profissional de saúde para os passos seguintes.
Caso os sinais relatados ao médico gerem a suspeita de disfagia, o paciente poderá ser encaminhado para a realização de dois tipos de exames para confirmação do diagnóstico. São eles a videonasofibroscopia da deglutição, que é feito por especialistas em otorrinolaringologia e fonoaudiologia, e a videodeglutograma, que é um exame de imagem realizado pelo fonoaudiólogo.
Como as crianças, principalmente, as que ainda não falam, não sabem expressar o que estão sentindo, a observação dos pais é fundamental para um diagnóstico preciso. Nesse caso, a consulta é com um médico pediatra.
Ele vai fazer perguntas sobre como a criança se comporta durante a alimentação, o que inclui desde o aleitamento materno, a introdução de alimentos sólidos e o comportamento alimentar nas refeições feitas com a família. Para confirmar o diagnóstico, também serão realizados exames de videonasofibroscopia da deglutição ou videodeglutograma.
Quais os tratamentos indicados?
A forma de tratar a disfagia depende de cada caso.
No geral, o paciente recebe o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, com o suporte do otorrinolaringologista, gastroenterologista, fonoaudiólogo e nutricionista. O fonoaudiólogo é o profissional com expertise para tratar as disfagias, adaptando as dietas, realizando exercícios para fortalecer e estimular os processos de deglutição.
Para a disfagia esofágica, o tratamento é focado na origem do problema, o que pode ser feito com a prescrição de medicamentos que atuam na inibição da produção de ácidos para pessoas que apresentam refluxo gastroesofágico, por exemplo. Caso haja necessidade, podem ser indicados procedimentos que dilatam o esôfago, ou cirurgia para quadros desenvolvidos por tumores.
A disfagia pode comprometer seriamente a sua qualidade de vida. Isso porque o estabelecimento da doença interfere diretamente na sua alimentação, podendo causar desnutrição e desidratação, sem falar que pode ser resultado de patologias mais graves. Diante disso, ao sentir dificuldade e dor para engolir alimentos e líquidos com frequência, é imprescindível buscar ajuda médica para obter diagnóstico e tratamento apropriados.
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Revisão técnica: Naiara Magri da Silva, fonoaudióloga do Hospital Israelita Albert Einstein de Goiânia