Você já teve o seu coração partido? É bem provável que sim. Afinal, esse tipo de sentimento é vivenciado por todos nós, independentemente se estamos falando de uma relação do tipo romântica ou familiar, entre amigos etc. Uma coisa é certa: alguém vai nos decepcionar em algum momento das nossas vidas.
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No entanto, há um velho ditado que nos diz que “ninguém morre de coração partido”. Será que isso é mesmo verdade? E se te contássemos que há uma síndrome cardíaca que leva esse nome?
Ainda que os óbitos sejam muito raros nesse problema, é importante falarmos sobre a síndrome do coração partido, uma doença que afeta o músculo cardíaco e causa sintomas parecidos com os de um infarto. Continue a leitura e saiba mais.
O que é síndrome do coração partido?
A síndrome do coração partido é um problema que afeta o músculo cardíaco, mais especificamente na região do ventrículo esquerdo.
O nosso coração é um órgão com quatro câmaras, sendo dois átrios e dois ventrículos. Os átrios são encarregados por receber o sangue que vem do corpo, enquanto os ventrículos mandam o fluxo sanguíneo para os nossos tecidos. Ou seja: problemas nessa área podem ser bem graves.
Agora, pense que o coração é um grande músculo, que trabalha 24 horas por dia, sem descanso. A síndrome do coração partido acontece como uma espécie de cãibra, que faz com que o ventrículo mude a sua conformação e deixe de bombear sangue da forma correta.
Como é o nome “real” dessa condição?
Essa condição não tem “síndrome do coração partido” como o seu nome “técnico”. Na verdade, ela se chama cardiomiopatia de Takotsubo ou cardiopatia induzida por estresse. Mas, afinal, por que ela recebe esses nomes?
O termo “takotsubo” tem uma origem bem curiosa. Esse é o nome de uma armadilha utilizada por pescadores japoneses para a captura de polvos. Ela é como um jarro deitado diagonalmente, com uma boca mais aberta. A doença recebe esse nome por conta do formato do coração do paciente.
Quando o ventrículo muda de forma devido ao estresse, ele assume uma aparência muito parecida com a dessas armadilhas. Esse formato é facilmente identificado em exames de imagem.
Já o nome “cardiopatia induzida por estresse” é bastante autoexplicativo. Ainda assim, falaremos mais sobre as causas do problema a seguir.
Quais são as possíveis causas para ela?
O problema não se chama “síndrome do coração partido” à toa, não é mesmo? A principal causa para o desenvolvimento dessa condição é, sem dúvidas, alguma situação que cause grande estresse emocional, fazendo com que esse sentimento se reflita no órgão cardíaco.
Isso acontece por conta da liberação de substâncias (como hormônios, inclusive a adrenalina, secretada pelas adrenais) a partir do gatilho causador de estresse. Quando liberada em grandes quantidades, ela pode causar alterações na irrigação sanguínea do coração e fazer com que o músculo se contraia de maneira inadequada.
Alguns possíveis gatilhos para o desenvolvimento do problema são:
- Problemas financeiros;
- Diagnósticos difíceis na área da saúde;
- Problemas na família;
- Morte de um ente querido;
- Problemas amorosos, entre outros.
Há grupos de risco para o desenvolvimento do problema?
Não há um grupo específico para o desenvolvimento da síndrome do coração partido, sendo esse um problema que pode afetar pessoas de qualquer sexo, etnia, idade e condição social.
No entanto, ele é bem mais frequente entre mulheres acima dos 40 e 50 anos, especialmente aquelas que estão vivenciando o processo de menopausa. O motivo para isso ainda está sendo estudado, mas os pesquisadores têm a hipótese de que há uma relação entre a queda na produção de hormônios femininos (como o estrogênio) e a fragilidade do coração.
Quais são os sintomas da síndrome do coração partido?
Como todo problema, a síndrome do coração partido tem os seus sinais clínicos. De modo geral, eles são bem parecidos com os observados em uma situação de infarto agudo do miocárdio — que acontece quando o fluxo de sangue no coração não acontece da forma como deveria.
Os sinais mais comumente observados são:
- Dor súbita no peito;
- Dificuldade para respirar;
- Desmaios;
- Vômitos;
- Tonturas;
- Cansaço, entre outros.
Na presença de sinais como esses, é fundamental que o paciente busque ajuda médica imediata. Nunca se sabe o que pode ser e apenas profissionais da saúde, munidos de ferramentas diagnósticas, poderão orientá-lo sobre os próximos passos para cuidar do seu coração.
Como funciona seu diagnóstico?
O diagnóstico da síndrome do coração partido não é tão complexo, especialmente graças ao formato característico adquirido pelo ventrículo após a situação de estresse. No entanto, são necessários alguns exames para excluir outras possíveis causas, como o infarto. De modo geral, eles incluem:
- Ecocardiograma, para avaliar a forma e função cardíaca;
- Eletrocardiograma, que poderá verificar a função do coração;
- Cateterização, para analisar como está o fluxo sanguíneo dentro do órgão.
Além disso, o médico pode solicitar outros tipos de exame, como o hemograma completo e vários outros.
Quais são os tratamentos?
O tratamento é medicamentoso. A síndrome do coração partido é um problema transitório (lembra da associação com uma cãibra?), ou seja, é normal que o músculo volte ao seu estado original após um certo tempo.
Até lá, você poderá tomar remédios para diminuir o estresse nesse músculo, permitindo que ele relaxe e o sangue consiga passar com mais tranquilidade. Medicações para dor e para o emocional também podem fazer parte da terapia.
Lembrando que alguns casos podem exigir hospitalização do paciente para o seu monitoramento frequente. Isso é mais comum entre aqueles que já têm algum tipo de disfunção cardíaca ou estão lidando com problemas concomitantes, inclusive os de origem psicológica.
Como podemos ver, a síndrome do coração partido é um problema real. Então, cuide bem da sua saúde cardíaca. Afinal, grandes decepções, estresse constante e as pressões da vida moderna podem, sim, afetá-la de maneira negativa.
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Revisão técnica: Alexandre R. Marra, pesquisador do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein (IIEP) e docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein (FICSAE).