Miocardiopatia dilatada: o que é e como tratar?

4 minutos para ler

Existem algumas doenças do coração que merecem atenção. Uma delas é a miocardiopatia dilatada, que torna as fibras musculares do órgão distendidas, prejudicando o bombeamento adequado do sangue pelo corpo. Coágulos de sangue, arritmias, infarto e morte súbita estão entre as possíveis consequências.

Mesmo quando diagnosticada precocemente e tratada, a doença pode evoluir para o comprometimento irreversível do coração, tornando necessária a realização de um transplante.

Qual a causa da miocardiopatia dilatada?

Embora seja considerada uma doença rara, a miocardiopatia dilatada é a forma mais comum de cardiomiopatia em crianças, com mortalidade estimada em 75% dos casos até 5 anos após o início dos sintomas. 

No entanto, a doença pode surgir em qualquer idade, podendo estar relacionada a causas genéticas, defeitos congênitos, infecções (vírus, fungos, bactérias ou parasitas), doenças autoimunes e disfunções da tireoide.

Também existem estudos que associam o problema ao consumo excessivo de bebidas alcoólicas, medicamentos com toxicidade relevante (quimioterápicos, entre outros) e exposição a agentes tóxicos, como cobalto, chumbo e mercúrio.

No entanto, muitas vezes a causa não é detectada. Nesses casos, a miocardiopatia dilatada é chamada de idiopática. A região mais frequentemente afetada é o ventrículo esquerdo, importante câmara de bombeamento de sangue no coração.

Conforme suas fibras musculares se tornam dilatadas, elas perdem a capacidade de se contrair adequadamente para bombear o sangue para fora do órgão. Então, o coração deixa de fornecer o oxigênio necessário aos tecidos e demais órgãos do corpo, configurando um quadro de insuficiência cardíaca.

Quais são os sintomas?

As extremidades do corpo podem se tornar mais frias pelo bombeamento inadequado de sangue, além de haver inchaço (edema) nos membros inferiores. Fraqueza e cansaço sem causa aparente também são sintomas recorrentes. Além disso, a pele pode se tornar mais pálida. 

Alguns pacientes reportam falta de apetite, com vertigens e até desmaios. Mesmo assim, pode haver ganho de peso pela retenção de líquidos, inclusive causando inchaço abdominal. 

Tosse persistente, palpitações (sensação de batimento cardíaco acelerado) e falta de ar também podem ocorrer. Contudo, a doença pode ter a evolução inicial silenciosamente e só se manifestar com arritmias e insuficiência cardíaca relevantes. 

Como é realizado o diagnostico?

O diagnóstico é feito por avaliação clínica, exames de sangue e de imagens. É preciso investigar a origem do problema, pois isso implica estratégias distintas de tratamento. 

Na anamnese (histórico dos sintomas baseado nas lembranças do paciente até o momento da observação médica), é investigado o histórico familiar de problemas cardíacos e morte súbita, hábitos de vida do paciente e demais doenças existentes.

Entre os exames, podem ser solicitados eletrocardiograma, ecocardiograma, radiografia do tórax, testes de esforço e exames de sangue para investigar alterações metabólicas e infecções.

Existe tratamento para miocardiopatia?

O tratamento pode ser influenciado pela causa e pelo estágio da doença. Quando a origem está relacionada a distúrbios metabólicos e doenças autoimunes, como diabetes e tireoidite de Hashimoto, controlar a causa pode ter um efeito positivo na progressão da miocardiopatia dilatada.

Além disso, existem medicamentos que auxiliam na restauração do funcionamento mais eficiente do músculo cardíaco, promovendo o adequado bombeamento de sangue.

Devido à frequente presença de arritmias, seja como causa ou consequência da miocardiopatia dilatada, o uso de marca-passo também pode ser considerado. Muitas vezes, o tratamento requer uma combinação de estratégias terapêuticas, com diversos medicamentos, que podem ser avaliados e ajustados periodicamente.

Apesar dos esforços, a doença geralmente é progressiva e, em determinados momentos, nenhum tratamento atinge os efeitos desejados. Nesse caso, o paciente pode ser considerado elegível para um transplante de coração. É importante destacar que o apoio psicológico, especialmente para pacientes pediátricos, também deve ser considerado para seus familiares.


Revisão técnica: João Roberto Resende Fernandes, médico do pronto atendimento e corpo clínico, preceptor da residência em Clínica Médica do Hospital Israelita Albert Einstein.

Posts relacionados