Revisão técnica: Andre Felix Gentil, neurocirurgião do Hospital Israelita Albert Einstein
Muito se fala sobre o traumatismo craniano. Mas, afinal, quais os desdobramentos deste problema? Quais as causas mais comuns? Qual é a sua gravidade?
Nesse material, você poderá tirar dúvidas sobre o traumatismo craniano e entender os riscos e implicações deste quadro, além dos principais sintomas. Acompanhe!
O que é traumatismo craniano?
O termo traumatismo craniano se refere a qualquer dano causado a cabeça devido a um trauma. O termo mais correto, na verdade, é traumatismo cranioencefálico, porque inclui as partes moles (pele, subcutâneo, músculos), ossos cranianos e o conteúdo do crânio, incluindo o cérebro. Os traumas podem ser leves, como uma sutil pancada sem consequências, até traumas graves, com risco de vida.
Os traumatismos normalmente acontecem devido a acidentes, sejam eles de trânsito, domésticos ou de qualquer natureza. Também podem ser resultados de brigas e de qualquer situação de violência ou da prática de esportes, entre outros casos.
O que ele pode causar?
Muitas vezes, os traumas à cabeça não geram qualquer tipo de consequência e não há necessidade de nenhum tratamento. Em outras, há comprometimentos leves e passageiros, como sonolência, dores e até enjoos. Um exemplo típico disso são as concussões, comuns em traumas de moderada intensidade durante a prática de esportes, com ou sem perda de consciência.
No entanto, há casos mais delicados, como sangramentos intracranianos que formam coágulos e que podem pressionar o cérebro, ou lesões diretas as tecido nervoso. Essas lesões necessitam tratamento especializado e podem ter consequências neurológicas graves, principalmente se houver atraso no atendimento médico.
O que fazer quando uma pessoa sofre traumatismo craniano?
Acompanhe algumas orientações para que você saiba como agir diante de um caso de traumatismo craniano:
Mantenha a calma
O primeiro passo é tentar manter a calma. Claro, nem sempre isso é possível, mas é a melhor medida para garantir a segurança da vítima que, naquele momento, precisa muito de você! Assim, será possível prestar os primeiros socorros e garantir que a ajuda chegue até vocês com muito mais rapidez e eficiência.
Chame o resgate
O segundo passo é chamar o resgate, que pode ser uma ambulância ou o Corpo de Bombeiros, dependendo da situação. Ligue assim que for possível e descreva o cenário com riqueza de detalhes. Como aconteceu o acidente, como a vítima está naquele momento, quais sintomas ela apresenta e qualquer outro detalhe que conseguir fornecer. Aproveite e anote alguns telefones úteis agora mesmo!
Observe se a pessoa está consciente
Enquanto fala com os socorristas, é hora de identificar se há consciência na vítima. Há resposta quando ela é chamada? Ela está confusa? Cada informação conta e, assim, os socorristas já sabem o que esperar antes mesmo de chegarem ao local.
Mantenha a vítima imobilizada
Muitas vezes, movimentações podem agravar o problema. Por isso, é hora de investir em imobilizações, deixando a vítima o mais paradinha possível e protegida. O mais importante é não deixar ela levantar-se sozinha e manter o pescoço imobilizado. Se ela estiver consciente, peça a colaboração e a tranquilize. Essa é outra razão pela qual é importante manter a calma em momentos como esses. A vítima só deve ser removida do local do acidente se estiver correndo risco de permanecer lá.
Esteja preparado para fazer a massagem cardíaca
Esse é um extremo, mas é importante que você esteja preparado para a situação. Confira o Guia de Primeiros Socorros da Fiocruz. Se for preciso, peça orientação quando em contato com o socorro profissional e siga as instruções que receber. Não realize respiração boca-a-boca ou massagens cardíacas se não for orientado ou se não tiver treinamento para isso.
Trate hemorragias
É possível que a vítima apresente sangramentos. O ideal, nesse momento, é estancá-los. Para isso, aplique uma pressão constante sobre o ferimento e o mantenha pressionado. Não force excessivamente, mas permaneça na tarefa até que o socorro chegue. Nunca realize torniquetes, a não ser que tenha recebido treinamento especializado.
Vigie a vítima até a chegada do resgate
Tudo estabilizado? Agora, é hora de permanecer ao lado da vítima até que o socorro chegue. Em caso de convulsões, vire delicadamente a cabeça da pessoa para o lado, tomando cuidado com a região da coluna, e a mantenha o mais estável possível.
A maioria das convulsões termina espontaneamente após alguns segundos e é comum que a vítima fique muito sonolenta logo em seguida. Nunca “puxe a língua” ou realize outras manobras. Deixe a convulsão passar sozinha e mantenha a calma.
Quais são os principais sintomas?
Veja, agora, os sintomas mais comuns de um traumatismo craniano:
- perda de consciência;
- perda de memória;
- confusão;
- tontura;
- agitação;
- enjoos;
- vômitos.
Alguns sintomas podem ser mais graves, como convulsões, rebaixamento no nível de consciência, alteração do tamanho das pupilas (as “bolinhas” pretas dos olhos) ou exteriorização de sangramento pelo nariz ou pelas orelhas. Nestes casos, é fundamental garantir que tudo foi feito para o socorro chegar o mais rápido possível.
Vale a pena lembrar que alguns sintomas mais leves, em geral associados a concussões, como a dor de cabeça e a tontura leve, podem persistir por dias e até mesmo semanas. Por isso, em algumas vezes, o acompanhamento médico deve ser mais longo.
Quando é uma situação de emergência?
Os traumatismos cranianos nem sempre são uma situação de emergência. Mas nunca é demais garantir que está tudo bem. Havendo qualquer dúvida, a vítima deve ser avaliada por um médico, que irá realizar um exame físico e decidir se é necessário ou não realizar exames de imagem, em geral uma tomografia computadorizada do crânio.
Caso a vítima tenha sinais ou sintomas que indiquem que o caso pode ser mais grave, o atendimento por profissionais especializados deve acontecer o mais rápido possível. A regra é: na dúvida, busque sempre o atendimento médico.
Alguns dos sinais e sintomas que indicam maior gravidade são:
- sangramento na cabeça ou no rosto;
- saída de sangue pelo ouvido ou nariz;
- perda de consciência;
- sonolência excessiva;
- náuseas ou vômitos;
- dor muito forte;
- dificuldade para falar ou qualquer outro sintoma neurológico.
Como podemos ver, o traumatismo craniano é um assunto sério, que pode gerar consequências graves e até irreparáveis à saúde. Por isso, agir rápido é o melhor remédio! Busque atendimento o quanto antes. Isso aumenta de forma considerável as chances de recuperação da pessoa afetada.
Aproveite para saber mais sobre como acontece uma avaliação médica, seja em casos graves, como nos traumatismos cranianos, ou em situações corriqueiras. Esperamos que goste do conteúdo!